domingo, 3 de abril de 2011

Beleza de Eros

Brincando com os passos na rua,
Cumprindo com o dever dos mesmos vícios,
Tudo num ir e descansar de um dia sem memórias, sem flor.
Como um estalo de pistola:
Teu olhar olhou o meu olhando o seu.
Me arrebatou com palavras dengosas,
Confundiu meu rumo,
Adentrou meu vazio particular -
Diante de uma Lua formosa, grande, delirante -,
Entrelaçou teus dedos aos meus,
Garantiu meu caminho seguro e o preencheu de tamanha alegria.
Retomou a beleza de Eros
Em que Dioniso nos enfeitiçou.
Não foi o destino que quis;
Sou tua porque sou,
No presente constante e num, deveras, por-vir.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

"Quem não se programa, não faz programa"

Hoje eu cheguei à uma conclusão muito engraçada: "quem não se programa, não faz programa".
E por quê? Meus amigos têm a mania de ficar me coibindo quando eu me preocupo com o depois.
"e pra onde a gente vai?", uns dão de ombros, outros riem e algum, com certa piedade, até
responde "a gente ainda não sabe, relaxa." A gente ainda não sabe. Como assim, não sabe?
E vai vivendo e vai curtindo. O pôr do sol acontece, as palmas de solicitação. Ou também
recolhe as ondas, o mar entregue na vastidão. Mas isso foi engraçado, sabe? Bem engraçado.
Tipo pensamento engraçado que faz rir por dentro, dentro do estômago. Quem não sabe o que
fazer, não faz nada. E os programas viram: ócio, vício e zombataria. Nada vai pra frente.
Conclui. Se faz, não só por si só, mas porque devia de ter sido feito. Você fez para que
fosse desse jeito. Programar-se é um poder de decisão: entre o que tem que acontecer ou
o que o destino quiser que aconteça.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Sorte

Por favor, ouça-me com atenção:
Não é o trigo que a sorte colhe
E nem sorriso que reveste o pão,
Mas é o de-cada-dia que alimenta a audácia
De cavar a alegria de não desistir em vão.
A sorte, inquieta,
Brinca de esconde com a razão
E permite que a trilha lodosa
Seja afastada da imaginação.
Porém, é do espinho que brota a rosa
Que fecunda sozinha no ardor do sertão,
Fazendo daquele que repeliu a dureza,
Caçador de beleza na escuridão.
E do incerto
Que se lhe atira o tiro,
Sofre sozinho sem saber então,
Que a sorte nunca colhe o trigo
Que provém audácia pr'além do sertão.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Declaração de amor

Sorri pra mim o teu sorriso mais singelo e me faz sentir o prazer afável das suas palavras em recordações tão doces.

Seu amor é semente que brota oculta dentro do meu peito e se traduz no desabrochar dos meus sorrisos.

Modulo meu castelo de areia, morada dos nossos corações alados, onde onda nenhuma é capaz de apagar, nem reveses, nem os sopros intempestuosos da vida.

Canto pra você ao deleite da dança das cordas, numa bossa de ninar pra te permitir cair de mansinho nos meus abraços.

Penteio seus cabelos com os dedos e acaricio cada bocado de alegria que os anjos concretizaram na sua face.

Te beijo, te amando com todo o meu eu, seu, mistura de nós dois.

E no presente, futuro nosso, escrevivo nossa mais linda canção, emoldurando nos ponteiros da vida, a mais sincera declaração de amor.




domingo, 23 de agosto de 2009

Boneca

Talvez eu tenha síndrome de boneca ou simplesmente a beleza pueril me cai melhor nas vestes.
Ou não.
Talvez eu seja uma boneca.
Uma boneca que arde em si pensamentos além do pano e se
mostra nos olhos de outrem como uma menina feliz.
Uma boneca que sorri encantada com as gentes que se alegram demais.
Uma boneca que tem o coração maior que o sonho e o sonho em vão, perante os ares.
Uma boneca que brinca sozinha e se diverte com os próprios gestos,
detalhes.
Que se consola com o próprio afago de sua mão.
Uma boneca que tem cheiro, gosto e fome de gente.
Sim, sou uma boneca de gente.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

De volta

Duvidei por muitas vezes que havia além de mim um manto de luz e amor com um Pai celeste. Duvidei que pudesse uma voz calorosa e mansa acalmar meus ânimos e sufocar minha dor. Duvidei que uma força inexplicável ultrapassasse os limites do real e modelasse o meu íntimo. Duvidei, Senhor.
Duvidei.
Contudo, hoje, com a mesma ousadia que me atirava no abismo, me deixo envolver pelas asas do seu espírito e ofereço minha vida em suas mãos.
Sou a ovelha desgarrada e o filho pródigo que volta arrependido ao pai.
Sou o seu milagre de amor e glória.
Sou sua filha, sua serva e fruto da sua salvação.
Obrigada por me receber de volta à casa.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Eu não queria um coração

Eu não queria um coração, às vezes
Que bate e sorri apertado quando a felicidade dura veementemente breve
E continuasse em melopéias freqüentes horas a fio
Suscitando lembranças com cheiro, com gosto de gente
Eu não queria um coração que transborda calado
Que se restringe e se limita a prazeres tão meus
E se deixa, à noite sozinho, valsiar a balada de adeus
Eu não queria um coração que pede carinho
Que sente a ausência de uma contra-parte
E chora seco, sem maldade, de fininho
Eu só queria um coração que lustrasse de vinho
Que anuviasse meu penoso destino
Tão parco, tão lúgubre, tão turvo e sem tino.